O provocativo teatro israelense na nova Alemanha
O provocativo teatro israelense na nova Alemanha
Na cidade de Kronberg no interior da Alemanha há 40 minutos de Frankfurt acontecia um pequeno festival de teatro de rua chamado Kronberger Kulturkreis. Fui levado a assistir um espetáculo que a principio não entendi do que se tratava, era apenas um palco meio sujo localizado num jardim ao lado de um castelo de um antigo rei alemão. De repente o palco foi coberto por um lençol branco e logo descoberto, a aparição de 6 figuras humanas aparentavam estátuas de pedras, uma imagem que lembrava tempos de guerra. Em seguida os atores se movimentavam em gestos, efeitos sonoros e objetos de palco que seriam usados durante o espetáculo. E sobre uma cerca improvisada a história se revelava. A segunda guerra mundial estava diante dos nossos olhos. Sobre um palco limitado, simulavam um instrumento de corda através da cerca de um suposto campo de concentração nazista, e logo interagiam com objetos de cenas como o pão, uma boneca bebê que chorava e até a estrela de Davi, símbolos da perseguição dos judeus durante a guerra.
A performance conduzia um contexto provocativo, quase 70 anos depois, a história de uma das guerras mais cruéis que a Europa atravessou contada por um grupo de teatro do estado de Israel na atual Alemanha.
A narrativa seguia pelo pós guerra através da imigração em massa para America e a árdua construção do estado de Israel, interrupções simulavam o advento da televisão simbolizando uma espécie de alienação em massa. Sempre o nascimento de um bêbe, sempre uma pedra a erguer-se para construir mais pedras e todos eram essencialmente pedras. Um enorme boneco de Hittler sobrepunha os atores que o controlavam. O boneco meditava, se agitava, dançava ao som de música eletrônica manifestando delírios ideológicos e aberrações místicas do nazismo. A mais pura poesia e ironia se fazia em plena ação, luz, sombras e castelos. O espetáculo foi aplaudido de pé por todos os germânicos e transeuntes que sobre a sombra do castelo do rei desfrutavam o festival. Viva as pedras contadoras de histórias.